segunda-feira, 26 de abril de 2010

DIA DA LIBERDADE


Ontem dia 25 de Abril, comemorou-se em Portugal o dia da implantação da Democracia.

No dia 25 de Abril de 1974 o Movimento das Forças Armadas (MFA) derrubou o regime de ditadura que durante 48 anos oprimiu o Povo Português. Nessa madrugada do dia inicial, inteiro e limpo (como poetizou Sophia de Mello Breyner) os militares de Abril foram claros nas suas promessas: terminara a repressão, regressara a Liberdade, vinha aí o fim da guerra e do colonialismo, vinha aí a democracia.

Deixo aqui o 25 de Abril, escrito em 2008 por Carlos Alberto Fial Pereira, que neste momento encontra-se em Moçambique… Um abraço.

ABRIL… 25


Aquela Guerra… Maldita

Que nos transformou em feras

Aos vinte anos…

Acredita,Julguei que eras

Enfim… A Liberdade.

Que tudo teria terminado!

E com a minha puberdade,

Julgando-me eu iluminado,

Pela juventude dos vinte e dois anos,

Comum mortal mas invencível

Esperando o resgate dos Veteranos

Que éramos… Presa apetecível

Para Guerrilheiros inaptos transformados

Em onças sanguinolentas

Naquela selva densa… Cremados.

Não havia lá, ordens mais violentas…

Destruir…

Queimar…

Matar!

Para não ser morto e eu a acreditar.

Que tu, Vinte e cinco de Abril

Me darias a liberdade para meditar

Que aquela Guerra, mesquinha e servil

Não era minha, não querendo mais, lutar!

E depois…

A Fé era tanta…

Continuei a tentar conter as vísceras

Dos colegas esventrados.

Aqui e ali pegando nos membros decepados…

Aqui e ali enterrei Pedaços de Soldados…

E de Ti, Com dualidade de critérios,

Todos diziam que venceras…

Caixões vazios continuaram a encher Cemitérios!

E depois…

A Fé que, já não havia,

A Morte era tanta que faltavam as Tumbas.

Toda a terra, para Vala Comum servia

E os clarins trocaram-se por rumbas

Acompanhando com gáudio a dor…

Dependendo apenas… Da cor.

Data linda.

Esperança

Que, ainda…Não alcança!


Xai-Xai, 2008-04-20


Carlos Alberto Fial Pereira

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