Compositor, cantor,
guitarrista, líder dos Velvet Underground, Lou Reed, um dos mais inventivos e
influentes criadores da música popular americana da segunda metade do século
XX, morreu este domingo aos 71 anos em Long Island, Nova Iorque. As causas da
morte ainda não foram divulgadas, mas é provável que não sejam alheias ao
transplante de fígado a que o músico nova-iorquino se submeteu em Maio.
Os últimos 50 anos de música
rock seriam algo bastante diferente sem ele, algo que só poderia dizer-se com
idêntica propriedade de um conjunto muito restrito de músicos. No final dos
anos 1960, com os Velvet Underground, Lou Reed, diz o seu obituário na revista Rolling
Stone, “casou beleza e barulho, ao mesmo tempo que trazia toda uma nova
honestidade lírica ao rock’n roll”.
Nascido em Brooklyn em 1942,
Reed começou a compor canções no final do liceu, mas o percurso que o tornaria
um ícone do rock só se inicia verdadeiramente quando conhece John Cale, um
músico de formação clássica, natural do País de Gales, que chegara a Nova
Iorque em 1963. Com Cale, Lou Reed funda a banda The Primitives, que tem algum
sucesso em 1964 com o tema The Ostrich, uma paródia à música de dança.
Os The Primitives são depois
rebaptizados The Warlocks. E quando se juntam ao grupo o guitarrista Sterling
Morrison e o percussionista Angus Maclise, nasceu não apenas uma nova banda,
mas, na opinião de alguns críticos, a melhor banda de rock de todos os tempos:
os Velvet Underground. O grupo não teve grande sucesso comercial nos anos 1960,
mas alguém já observou que muitos dos jovens que ouviram o seu álbum de
estreia, em 1967,The Velvet Underground & Nico, correram a criar as suas
próprias bandas.
Quase não há um tema nesse
primeiro álbum, produzido por Andy Warhol, que não seja hoje um clássico da
música pop, de I’m waiting for the man e Venus in furs a All tomorrow’s
parties ou aos sete minutos de Heroin. O grupo durou pouco (Cale saiu
logo em 1968), mas a sua influência perdura até hoje.
Com o fim dos Velvet em
1970, Reed parte para o Reino Unido, onde grava um disco com músicos dos Yes.
Mas é com o disco seguinte, Transformer, produzido por David Bowie, que se
torna uma estrela incontestável do firmamento rock. O tema Walk on the
wild side torna-se um sucesso, mas o disco inclui outras canções
justamente célebres, como Perfect day ou Vicious.
Nas décadas seguintes, Lou
Reed vai sempre inovando, e muitas vezes driblando as expectativas dos seus
fãs, num trajecto que inclui álbuns como Berlin (1973), o
experimentalista Metal Machine Music (1975), Blue Mask (1982), New
Sensations(1984), New York (1989) ou o recente Hudson River Wind
Meditations, de 2007. Lou Reed era casado desde 2008 com a compositora e música
Laurie Anderson.
in "Público"
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